quarta-feira, 27 de julho de 2011

Teoria da aprendizagem... olhem à vossa volta e vejam


No filme Matrix (o primeiro), no final, o Neo vê o mundo em código, entende tudo à sua volta como é na realidade e podendo assim ultrapassar os seus limites.
O que proponho com este post e dentro da lógica da Karen Pryor, em "Don't Shoot the Dog", é que se veja a aprendizagem como ela é decomposta em comportamentos, reforços, castigos, extinções e repetições... tudo isto se passa à nossa volta.
A educação é baseada nas teorias da aprendizagem, existem várias, umas dão enfoque a determinadas áreas e outras a áreas diferentes, mas todas elas têm o seu lugar.
Podemos dividir as teorias da aprendizagem em dois ramos: aprendizagem por influência interna e aprendizagem por influência externa. No primeiro ramo incluem-se a capacidade cerebral que tem a ver com a fisiologia do sujeito e difere de espécie para espécie e a capacidade cognitiva, onde podemos inserir as teorias do Piaget, Construtivismo, de Gardner e os Estilos de Aprendizagem. No segundo ramo podemos dividi-lo em influências no indivíduo e por interacção em grupos sociais. Nas interacções sociais existe a observação, a aprendizagem social, as práticas comuns e a cognição social. Nas influências no indivíduo inclui-se o Behaviorismo (Condicionamento Operante).
Depois desta introdução chega-se à conclusão que podemos apenas ter influência num indivíduo através dos princípios das teorias do segundo ramo e nessas como o nosso objectivo é influenciar o indivíduo podemos educa-lo seguindo os princípios do Condicionamento Operante.
Um indivíduo tem um reportório de comportamentos dependendo da situação em que se encontra, que foram aprendidos de forma a lidar com a situação e ter os melhores resultados possíveis. Isto acontece em todas as espécies de animais, incluindo o homem. Quem aprende condicionamento operante e o aplica no dia-a-dia no treino de cães acaba inevitavelmente por ver o mundo decomposto em comportamentos, começamos a ver padrões de comportamento, a perceber onde o individuo vai buscar o reforço, qual é o estimulo que desencadeia o comportamento, etc.
Como treinador de cães em positivo é muito desagradável ouvir vezes e vezes sem conta a expressão "mas se o ensinar com comida ele só o vai fazer por causa disso", da mesma forma que acho curioso que numa conversa acerca da educação de uma criança da minha família eu aconselhava o pai a usar o Principio de Premack, e este para meu espanto diz "mas assim ele fica manipulador, só fará as coisas com o objectivo de ter o que quer"...
O que quero deixar aqui bem explicito é que qualquer miúdo ou adulto executa comportamentos para obter de volta coisas que procura ou para evitar as coisas que não quer e só executa esses comportamentos com esse objectivo, quando educamos alguém não devemos negar isso, não podemos fazê-lo sob pena de deixar ao acaso as consequências de cada comportamento desadequado, o melhor que temos a fazer é procurar uma forma do indivíduo realizar os comportamentos que queremos, que são os mais adequados, para ter o que quer, controlando os reforços e as coisas boas da sua vida.

Dedico este post ao Hugo...Bons treinos!

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